Vivemos em uma época em que a maior parte das pessoas pensa 20 vezes antes de revelar suas opiniões políticas, religiosas, sexuais. Eutanásia, intolerância, violência, guerra e paz. O que é certo e o que é errado? Estes são apenas alguns dos temas que povoam as produções dirigidas ou estreladas por Clint Eastwood. Republicano e conservador, Clint Eastwood nunca escondeu suas convicções. E é sincero o bastante para dizer que não está nem aí se as pessoas gostam ou não delas. Ele sabe que, importante mesmo, é saber respeitar as opções dos outros. Sabedoria vem com a idade.
O que nos leva a SNIPER AMERICANO, a mais recente produção de Clint Eastwood. Ele conta a jornada de Chris Kyle, um soldado do Comando Naval de Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos que é enviado para o Iraque com uma única missão: proteger os seus irmãos de armas. E ele faz isso como ninguém e se torna o maior atirador matador do exercito americano (255 mortes, 165 confirmadas). A história (mais ou menos verdadeira) é uma oportunidade perfeita para Clint discutir sobre alguns temas caros a sociedade americana, como a participação de seus jovens em guerras do outro lado do mundo e os traumas que eles trazem para casa quando voltam do conflito. O trabalho de Kyle envolve salvar vidas dos seus companheiros. Envolve também não hesitar antes de puxar o gatilho e matar um menino que pode estar (ou não) disposto a detonar uma bomba contra as tropas americanas.
O clima, como não poderia deixar de ser, é tenso. O roteiro intercala com naturalidade as cenas na guerra com momentos da vida do atirador. Assim, voltamos a infância de Kyle – e de muitos americanos – para explicar as origens de sua sede de guerra. Em flashback ouvimos seu pai, sentado à mesa de jantar, explicar para seus filhos que o mundo se divide entre lobos, cordeiros e cães pastores – estes últimos seriam aquele que livra os inocentes do mal. A atuação de Bradley Cooper como o atirador ganha força a partir da metade do filme, quando começamos a ver as consequências de seu trabalho e de tantos retornos ao Iraque. Em casa, ele é um peixe fora d´água. Na guerra, ele é uma lenda viva. E Sienna Miller, no papel da esposa o atirador, se desdobra para mostrar como o processo de transformação do marido em uma máquina de guerra trouxe sofrimento e abandono para o núcleo famíliar dos Kyle.
Clint é um artista detalhista que sabe se cercar de especialistas competentes para contar uma boa história. A fotografia, a montagem e o som contribuem muito para alguns momentos quase perfeitos do filme. Mas SNIPER AMERICANO perde na comparação com outras obras-primas do diretor, como OS IMPERDOÁVEIS, SOBRE MENINOS E LOBOS, AS PONTES DE MADISON e MENINA DE OURO.
(E não dá pra entender a cena do bebê de plástico que acabou virando piada na internet… um baita deslize deste diretor de respeito!)
U.S. Navy SEAL Chris Kyle takes his sole mission—protect his comrades—to heart and becomes one of the most lethal snipers in American history. His pinpoint accuracy not only saves countless lives but also makes him a prime target of insurgents. Despite grave danger and his struggle to be a good husband and father to his family back in the States, Kyle serves four tours of duty in Iraq. However, when he finally returns home, he finds that he cannot leave the war behind.
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